Breve histórico e fotos

Breve histórico e curiosidades sobre a Medicação a base de cannabis

Segundo Zuardi et al (2008) em 1860 ocorreu a primeira reunião científica sobre a cannabis na América organizada pela Sociedade Médica do Estado de Ohio. Na segunda metade do século XIX, já haviam mais de 100 estudos científicos na Europa e nos EUA. No final do século XIX e início do XX, vários laboratórios comercializavam os extratos ou tinturas da cannabis, Merck (Alemanha), Parke-Davis (EUA), Bristol-Meyers Squibb (EUA) são alguns destes laboratórios. (o histórico mais detalhado você encontra clicando aqui”)

Na Sajous´s Analytic Cyclopedia of Pratica Medicine, de 1924, a cannabis era descrita como medicação em três áreas distintas:

  1. Sedativo ou hipnótico
  2. Analgésico
  3. Outros usos (apetite, anorexia, dispepsia, disenteria)

Houve um declínio no uso da cannabis por motivos científicos e políticos. Em relação aos motivos científicos podemos dizer que a variabilidade na potência pela dificuldade de se replicar o mesmo tipo de formulação pela imensa quantidade de cepas e o surgimento de outras drogas como aspirina, morfina e vacinas. Quanto aos motivos políticos em cada país, podemos dizer que houveram motivos parecidos.

Nos EUA houve a taxação de um dólar para cada 28g da droga (aproximadamente uma onça) e o não pagamento desta taxa resultava numa multa de dois mil dólares ou cinco anos de prisão (Zuardi et al, 2008) fora imensa burocracia que resultou na exclusão da cannabis na farmacopeia americana em 1941.

Aqui no Brasil a proibição ocorreu em 1930.

[...] a psiquiatria lombrosiana chegou ao Brasil em meados do século XIX. Ao defender que determinadas raças carregavam características naturais dos criminosos, seu discurso pseudocientífico criminalizou os negros, sua religião, sua cultura e, obviamente, o hábito de fumar maconha. Prova de que esse hábito foi trazido da África pelos escravos é que uma das mais conhecidas denominações da maconha era “fumo de Angola”. Deste modo, seu consumo era considerado um impulsionador da prática de condutas penais e seus consumidores, tidos como criminosos de antemão (BARROS e PERES, 2011).

O interessante é que a maconha era considerada o ópio dos pobres, já que o custo era baixo para sua aquisição, enquanto o ópio era utilizado pelas classes altas da sociedade sem punição.

Nos anos 70 o professor Carlini da USP, trouxe estudos sobre o THC e desenvolveu linhas novas de pesquisa sobre a interação do THC e outros canabinóides. Desde então houve um crescimento imenso de pesquisas e publicações (para acessar “Links de pesquisas científicas”, clique aqui).

Abaixo estão diversas embalagens de medicações a base de cannabis que existiram até o início do século XX.

                     

 Bibliografia:

Barros, André; Peres, Marta. Proibição da maconha no Brasil e suas raízes históricas escravocratas. Revista Periferia. Vol III, Número 2. Disponível em:<https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/periferia/article/download/3953/2742> Acesso em 10 jun 2021.

Zuardi, Antonio Waldo; Crippa, José Alexandre de Souza;  Guimarães, Francisco Silveira, 1ed. Ribeirão Preto, SP:FUNPEC-Editora, 2008.