Óleo de cannabis: como atingir a dose ideal?

Óleo de cannabis: como atingir a dose ideal?

Muitas pessoas que iniciam o tratamento com a cannabis utilizando óleo full spectrum, sentem dificuldade em encontrar suas doses ideais. Enquanto a medicação alopática possui a dosagem da substância pré-determinada em comprimidos, cápsulas ou gotas e o médico determina a distribuição ao longo do dia e a quantidade da medicação, a dosagem do óleo não é feita da mesma forma.

Em cada organismo a dosagem possui uma resposta diferente. Uma única gota ministrada a noite para se evitar os efeitos colaterais de fome e sono, pode ser a dosagem máxima para uma pessoa enquanto para outra não surte efeito algum.

Como agir então, quando o médico prescreve 10 gotas 3 vezes ao dia, por exemplo?

A forma mais comum de início do tratamento é 1 gota a noite por 7 dias, ao final da semana avalia-se os resultados. Caso não tenha havido nenhuma resposta do organismo, conclui-se que a dosagem esteja baixa, então, aumenta-se 1 gota. O aumento gradual é feito com uma gota a cada 7 dias. Abaixo um quadro exemplificando uma forma de se atingir a dosagem:

SEMANA

GOTAS A NOITE

GOTAS DE MANHÃ

GOTAS A TARDE

1

1

0

0

2

2

0

0

3

3

1

0

4

3

2

1

5

3

3

2

6

3

3

3

7

4

4

4

8

5

5

5

 

A partir do terceiro mês o paciente pode aumentar de 2 em 2 gotas pois o organismo já está adaptado.

Esse quadro é apenas um exemplo de uma forma de se atingir a dosagem lentamente e de forma certeira, visto que o aumento gradual da dose resulta em efeitos mais fortes.

Essa forma de administração, observada em um grupo, proporcionou conforto aos pacientes que se sentiram seguros e não foram observados efeitos colaterais indesejados (como sono no período da manhã ou tarde).

É importante destacar que este tipo de indicação possui caráter informativo, o médico que irá indicar a forma correta em cada caso.

Uma paciente com insônia crônica relatou que somente sentiu necessidade do aumento para a segunda gota a noite após 13 dias, quando nos três dias anteriores encontrou dificuldade para adormecer. O aumento da dosagem nesse caso foi feito lentamente conforme a paciente relatava dificuldade para adormecer. Ao longo de dois anos de tratamento com o óleo a dosagem ideal permaneceu a mesma, 12 gotas antes de dormir, isto é, atingiu a dosagem ideal no terceiro mês.

Um outro exemplo pode ser visto abaixo, onde o paciente relata a reação do seu organismo na primeira semana do uso do óleo.

“Tenho 58 anos, sou músico amador e, em minha profissão, uso as mãos. Por conta de problemas diversos, desenvolvi um tremor muito forte em uma das mãos, que praticamente me impedia de tocar e, no trabalho, me atrapalhava de forma absoluta. Além disso tenho, digamos, um fundo depressivo, que permeia todo o meu cotidiano, uma nuvenzinha escura sobre a cabeça.  É agravada por uma enorme sonolência, fruto do sono de má qualidade, demoro a pegar no sono e ele vem muito leve. E, de fundo, um eterno problema de estômago. Ou seja, nada extremamente grave, mas que deixa a qualidade de vida muito ruim.

O gastro sugeriu um ansiolítico para reduzir as crises de estômago; o remédio piorou o tremor mas melhorou o sono; troquei de medicação, piorou o sono, e acabou com a libido (vocês poderiam ponderar que reduzir a libido no meio da pandemia até que não seria má ideia; a questão é que todo o meu processo criativo passa por ali. Sem libido, não produzo). Uma enorme chatice.

Como vocês podem adivinhar, acabei chegando no canabidiol. Como vivemos num momento difícil de nossa história, é melhor esclarecer: nunca fumei maconha, nem bebo. Gosto de trabalhar com a cabeça normal. E resolvi escrever esse primeiro relato mesmo estando com apenas UMA SEMANA de uso. Hoje eu passarei a tomar duas gotas por noite, ao invés de apenas uma (uma única gota -  tenho 1;88 e 110 Kg...). Mas os resultados já são bem impressionantes:

-O principal, o sono. Durmo bem DESDE O PRIMEIRO DIA. Zero de sonolência durante o dia.

-Estômago, ok – mas, sendo honesto, as crises costumam ser bimestrais, não posso atribuir ao canabidiol.

-Ansiedade zero.

-A nuvenzinha negra sumiu. Ando surpreendentemente otimista.

-O apetite aumentou um pouquinho, nada demais.

-Já o tremor, curiosamente se mantém, mas com uma mudança muito importante: eu consigo fazer as coisas. Antes era impossível, agora consigo, e não entendo o porquê. Mas fico MUITO feliz, evidentemente.

Encerro com um comentário pessoal: adoraria me expor, dar a cara a tapa e batalhar pela facilitação do uso da Cannabis terapêutica. Mas me expor pode prejudicar todo o processo produtivo, mesmo eu não sabendo de onde vem. Precisamos agir com cautela, de forma quase clandestina, de forma a não quebrar a cadeia. Não faço a menor ideia de onde veio o óleo, por exemplo. E isso é lamentável, é uma enorme demonstração do obscurantismo que assola esse país.

Ah, na verdade encerro agora. Esqueci de descrever outro efeito colateral: os sonhos estão mais coloridos que nunca. Cores muito mais vivas, parece anúncio de sabão em pó! Parece pouco, mas nesses tempos cinzas em que vivemos, um pouco de cor é uma benção.”

Essa é uma das questões que precisam ser analisadas ao se prescrever o óleo de cannabis, por isso a recomendação primordial é: pergunte ao seu médico como fazer a sua adaptação ao óleo, somente ele diante de todas as informações colhidas na consulta (anamnese) que poderá indicar a melhor forma de atingir a dosagem ideal.